2 de março de 2012
12 de dezembro de 2011
18 de outubro de 2011
23 de setembro de 2011
Um cê a mais
Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância. São muitos anos de convívio. Quando eu escrevo a palavra ação, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância. Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos. Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hifenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu. E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião. Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham. As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do cê não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um cê a atrapalhar.
Fonte: Manuel Halpern, revista Visão
21 de setembro de 2011
Satélite UARS deverá cair na Terra na próxima sexta-feira, 23 de Setembro de 2011
Satélite UARS deverá cair na Terra na sexta-feira. O aviso foi feito ontem pela NASA: o satélite UARS deverá cair na Terra na sexta-feira, "mais dia, menos dia". Há uma probabilidade de 1 em 3200 de alguém ser atingido por um destroço.
Com a dimensão de um autocarro e com quase seis toneladas de peso, o Upper Atmosphere Research Satellite (UARS) acelerou a sua rota rumo à atmosfera terrestre. Inicialmente, a Nasa previa que o satélite haveria de "regressar" à Terra entre o final de setembro e o início de outubro. Só que um grande incremento na atividade solar terá tornado mais rápida a re-entrada na atmosfera e a consequente queda no solo terrestre, refere o International Business Times. Numa declaração publicada na Web, a Nasa revela que o satélite deverá despenhar-se na Terra na sexta-feira, mas sublinha que se trata apenas de uma estimativa e que a colisão também pode ocorrer um dia antes ou um dia depois dessa data. Face ao alerta, especialistas da Nasa começaram a fornecer alguns dados sobre a queda do UARS: em princípio, apenas 26 das múltiplas peças do satélite deverão resistir ao atrito da atmosfera e chocar com o solo terrestre; estas 26 peças podem pesar mais de 500 quilos no total; estima-se que as peças possam dispersar-se por uma área de cerca de 804 quilómetros; tendo em conta que grande parte do planeta é coberto por oceanos ou territórios não habitados, um especialista que trabalhou na Nasa estima que a probabilidade de um destes 26 destroços acertar num ser humano é de 1 em 3200. Estes são os dados mais ou menos conhecidos pela Nasa. Por apurar mantém-se a localização precisa da queda dos destroços. Pelo que tanto especialistas como comuns mortais terão de se conformar com uma pouco agradável "lotaria espacial" que, de acordo com os dados da agência espacial norte-americana, garante que os destroços do UARS deverão cair algures entre as latitudes de 57 graus Norte e 57 graus Sul. O que significa que apenas os polos e regiões nas imediações estão livres de qualquer colisão. A Nasa garante que, duas horas antes da colisão, já poderá estimar o local exato da queda, informa o Space.com. O UARS foi lançado para o Espaço em 1991 para se fixar numa órbita a mais de 600 quilómetros de altitude e monitorizar a atmosfera terrestre e as múltiplas reações provocadas pela atividade solar. Inicialmente, tinha um ciclo de vida estimado em 18 meses, mas acabou por beneficiar de vários "upgrades" que permitiram manter operações até 2005, perfazendo mais de 78 mil "voltas" à Terra. Duas semanas depois de iniciar a sua missão, o UARS alcançou o maior feito da sua história, com o envio de mapas tridimensionais que confirmaram o avanço do "buraco do ozono" junto ao Pólo Sul.
Fonte: ExameInformática