geografias

19 de fevereiro de 2008

Conferências do Centro de Estudos Geográficos

Na próxima semana terão lugar duas importamtes conferências no Centro de Estudos Geográficos:

Dia 26 de Fevereiro, à 11 horas, no Anf. III:

- Jorge Olcina Cantos (Universidade de Alicante) - "Riegos Naturales e Ordenación del Territorio en Europa"

Dia 29 de Fevereiro, às 14, 30 horas, na Sala de Seminários do Colégio de S. Jerónimo (no âmbito de mestrado em Geografia Física):

- A. Ferreira Soares e colaboradores: Apresentação da Geologia da folha 19-D (Coimbra-Lousã)da Carta Geológica de Portugal.



Estão todos convidados a comparecer.

Lúcio Cunha

1 de fevereiro de 2008

Onde está o Bode?

Janeiro deste ano. Dia frio com o sol a enganar os que pensam que já é Primavera. Os alunos estrangeiros (não virá ao caso a nacionalidade, apenas se refere para contextualizar) afirmam com gestos de assombro, afinal isto não são só pedras. E continuam a observar como se acabassem de sair de uma cegueira ignota.
Com uma varinha esguia e pouco austera, a guia percorre cuidadosamente o traço dos animais picotados rocha, naquela espécie de museu (ou museu mesmo) ao ar livre (não podemos tocar, esse privilégio só terá a chuva ou o vento), para que nenhuma figura fique sem ser revelada. Era para terem aqui construído uma barragem, mas o valor histórico deste património acabou por travar o processo, caso contrário tudo que está à vista teria desaparecido, explica para que percebam o poder da paisagem que os rodeia. Os alunos deixam ouvir um hãmmm (misto de concordância e de dúvida) e seguem caminho, esperando descobrir mais imagens escondidas nos rochedos.
Quanto valem as figuras? Que preço, que peso, que valor, que tamanho, que padrão… como é avaliado o património? Quem o faz? Quem o pode fazer? Eu posso fazer? Nós podemos fazer? Não me aflige a falta de respostas, ou melhor dizendo, a resposta concreta, o peso, a medida ou o valor do(s) património(s). A mim o que me atemoriza é o Ser Humano e as suas intenções, o fim último dos procedimentos, sobretudo os interesses que servem. O que hoje é património de elevado interesse amanhã pode não o ser, o que hoje pouco valia amanhã pode ter uma incomensurável importância patrimonial. Utilizar como arma de arremesso a herança à qual se atribuem valores mal medidos, convencendo o mundo que há ouro onde só existe caruncho, ou então ignorando avisos de quem mais sabe e destruindo identidades e memórias que desaparecerão de forma irremediável das nossas vidas, é um jogo extremamente perigoso (mas ele existe, é e continua a ser jogado).
Os alunos perseveram na busca, agora fotografando as figuras. No jipe deixam-se embalar pelos bruscos solavancos que a guia tenta minimizar (a estrada sacode os visitantes numa fúria às vezes pouco comedida), no entanto lá vão dizendo, afinal isto não são só pedras…



Fátima Velez de Castro
 
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