Aquecimento global e risco climático; apontamentos para a desconstrução de um mito de "esquizofrenia verde"
É prudente pensarmos que sim, que temos culpa. A noção de mudança, ou se se preferir, a de "alterabilidade" está implícita no próprio conceito de clima, basta pensarmos que qualquer classificação climática encontra fundamentos em "parâmetros médios". Factos recentes, como a singular frequência e a elevada capacidade de destruição de fenómenos extremos com suporte oceanográfico-climáticos, como os furacões, têm vindo a confrontar a sociedade deste novo milénio com o papel do Homem sobre o Geossistema. Não é que antes, esta questão não fosse debatida em sedes diversas, intra ou extra comunidade científica. Os mediáticos mas indubitavelmente fortes impactes que se têm traduzido pela perda de muitas vidas humanas e por elevados danos sócio-económicos reflectem-se na necessidade de reconstrução dos próprios mapas, veja-se o exemplo do estado de Louisiana e, em particular, da cidade de Nova Orleães. Mas até que ponto o Homem é culpado? Esta questão é, sem dúvida, difícil de esclarecer e, até, melhores fundamentos, não deveria ser encarada apenas numa lógica de reforço do acelerar de uma tendência natural que se fundamenta nas relações que desde há 4,5 biliões de anos se estabelecem entre o Sol, a Terra e a Lua? As variações (aparentemente cíclicas) da excentricidade da órbita da Terra, tal como as que parecem ter caracterizado o ângulo de inclinação do seu eixo de rotação em relação ao plano da eclíptica (actualmente com um valor próximo de 66º 33'), a precessão equinocial e a Nutação, exercem efeitos soberanos no comando directo do comportamento das variáveis atmosférico-oceanográficas assim como nas da dinâmica glaciar. A jusante, todo o Geossistema responderá em jeito de aluno cumpridor da lei do equilíbrio móvel (Le Chatelier-Braun). Será, por isso, seguro pensar que o papel do Homem se deva reduzir ao de "gota de água", de "catalisador" ou ao de "turbo-indutor"? O politicamente correcto o que é? Será cumprir Kyoto, rever políticas ambientais e procurar novos recursos? Não sei. Mas como alguém escreveu um dia "as sociedades evoluem por crises". A consciência do risco, a constatação do aumento ineludível da vulnerabilidade dos territórios face a ditos fenómenos climáticos extremos associados ao elevado preço do petróleo (que deve estar para ficar), eis um convite sob a forma de sério aviso para repensarmos conceitos como "desenvolvimento sustentado", "inovação"ou "modelo de gestão de recursos naturais".
JGS
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home