geografias

5 de outubro de 2006

Reflexões sobre as entradas em cursos de Geografia

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Afinal a procura do curso de Geografia em Coimbra não foi assim tão reduzida! Em cima estão dois quadros que revelam a situação no final das matrículas da 1ª fase de candidatura. Quando se faz a comparação com os restantes cursos de Geografia existentes no país verifica-se que, se exceptuarmos a variante em Ensino da Geografia, os nossos números são muitos semelhantes aos outros. Se considerarmos apenas a variante em Ordenamento do Território estamos francamente de parabéns, uma vez que a percentagem de alunos matriculados face ao numerus clusus é a mais elevada no conjunto do País.
A nível da Faculdade também não nos podemos queixar muito! Com excepção dos cursos novos, apenas ficámos atrás do curso de Arqueologia. E na 2ª fase ainda vão entrar mais alunos e devemos ficar muito próximo do numerus clausus proposto.
Sei que os números se prestam a muitas e diferentes leituras. Sei também que aquilo que atrás escrevi não esconde a tremenda realidade de uma quebra significativa da procura nos cursos de humanidades e, consequentemente, também na Geografia. E o(s) curso(s) de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra não escapam à regra.
Os tempos actuais são tempos de intenso pragmatismo e utilitarismo. A escolha dos cursos é hoje regida muito mais pela empregabilidade que proporcionam do que pelos conhecimentos que se transmitem ou, como é politicamente (ou "bolonhesamente") correcto dizer, pelas competências que os alunos neles adquirem. Independentemente das discussões que esta questão possa levantar, parece-me pacífica a ideia de que é necessário mostrar que a Geografia é hoje, e cada vez mais, face aos desmandos de utilização territorial que se verificam todos os dias e a todos os níveis escalares, uma ciência útil e actual.
Como passar esta mensagem?
Em Portugal a Geografia, enquanto ciência pura ou aplicada, goza de algum prestígio. Felizmente são muitos os nomes de geógrafos que na vida universitária, na vida política, nos meios técnicos de apoio à decisão, em instituições públicas e privadas de cartografia, de planeamento, de gestão ambiental, ombreiam com especialistas de áreas disciplinares socialmente mais consagradas (engenharia, arquitectura, economia) e, em conjunto com eles, ajudam a produzir soluções para os muitos problemas de ordenamento territorial de um mundo em constante e acelerada mudança. No entanto, este prestígio parece não ser suficiente para atrair alunos à aprendizem da ciência das paisagens, dos espaços e dos territórios. Sugiro, então, que cada um de nós dê a maior visibilidade possível ao trabalho que faz, seja ele teórico ou prático, académico ou técnico, realizado na Universidade ou para uma Câmara Municipal. Não será o meu caso, porque não tenho grande jeito para jornais, rádios ou telelevisões, mas torna-se absolutamente necessário aproveitar a força do "quarto poder" para ajudar a passar a mensagem de uma Geografia actual, útil e necessária. Por isso, sugiro que todos aproveitemos as oportunidades que surjam para mediatizar a Geografia que fazemos. Não faz mal nenhum e ajuda a criar uma imagem e a atrair alunos para os cursos de Geografia.
A diminuição da aprendizagem da Geografia não põe só em causa os cursos universitários de Geografia, questão que, necessariamente, nos tem que preocupar. Põe, sobretudo, em causa o modo como se organiza, consome e vive o território. E, num paradigma de sustentabilidade ambiental e territorial, em que acreditamos e que todos desejamos, é necessário saber pensar o território!
Os geógrafos são necessários!
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Lúcio Cunha

4 Comments:

  • At 27 de novembro de 2006 às 21:59, Blogger s said…

    Peço imensa desculpa Doutor Lúcio Cunha, mas não concordo quase nada com o que disse.
    Sou geografa , tirei o curso no Porto e também sei que temos muitos geografos ditos "famosos", e no caso do Porto são alguns. Sabe o que eles fazem pela geografia e pelo curso:NADA!!Mesmo nada. Não para me vangloriar mas fui aluno empenhada, com a melhor média do meu ano de saída, 15 (este mesmo ano) de trabalho de estágio (relacionado com Riscos Naturais)eu e o meu colega de estágio tivemos 18 e o o que fizemos foi para aprovação de lei na câmara onde estagiamos. E o que se segui-o:trabalhei num projecto 2 meses e agora estou desempregada. Conjuguei aprendizagens de geografia e hidraulica, tive explicações na FEUP, entre outras iniciativas próprias e NADA!!Não valeu apena. Não tirei pós-graduação nem mestrado porque vou tentar sair da geografia, porque foi tudo muito bonito e lindo,mas não serviu de nada.Somos nós os alunos(ex.alunos)que temos de também trabalhar, mas apoio nenhum é dado.
    Pensem porque vão poucos, cada vez menos alunos para os cursos de geografia, grande parte deles é obsoleto e não é atractivo para as empresas privadas, porque sinceramente esqueçam o sector público, ou a geografia pode "fechar as portas".Os professores, mesmos os ditos "famosos", vivem num mundo à parte e a geografia desconhece as necessidades do mercado cá fora.Se se consta que num curso nem 3 pessoas foram empregues(em situações legais), a "palavra passa" e quem queria geografia desiste.
    Tomára que a minha visão mude e considero que se fazem coisas muito importante, muito mesmo, mas tem de haver empregabilidade, ou à geografia acaba por morrer.

     
  • At 27 de novembro de 2006 às 22:00, Blogger s said…

    Peço imensa desculpa Doutor Lúcio Cunha, mas não concordo quase nada com o que disse.
    Sou geografa , tirei o curso no Porto e também sei que temos muitos geografos ditos "famosos", e no caso do Porto são alguns. Sabe o que eles fazem pela geografia e pelo curso:NADA!!Mesmo nada. Não para me vangloriar mas fui aluno empenhada, com a melhor média do meu ano de saída, 15 (este mesmo ano) de trabalho de estágio (relacionado com Riscos Naturais)eu e o meu colega de estágio tivemos 18 e o o que fizemos foi para aprovação de lei na câmara onde estagiamos. E o que se segui-o:trabalhei num projecto 2 meses e agora estou desempregada. Conjuguei aprendizagens de geografia e hidraulica, tive explicações na FEUP, entre outras iniciativas próprias e NADA!!Não valeu apena. Não tirei pós-graduação nem mestrado porque vou tentar sair da geografia, porque foi tudo muito bonito e lindo,mas não serviu de nada.Somos nós os alunos(ex.alunos)que temos de também trabalhar, mas apoio nenhum é dado.
    Pensem porque vão poucos, cada vez menos alunos para os cursos de geografia, grande parte deles é obsoleto e não é atractivo para as empresas privadas, porque sinceramente esqueçam o sector público, ou a geografia pode "fechar as portas".Os professores, mesmos os ditos "famosos", vivem num mundo à parte e a geografia desconhece as necessidades do mercado cá fora.Se se consta que num curso nem 3 pessoas foram empregues(em situações legais), a "palavra passa" e quem queria geografia desiste.
    Tomára que a minha visão mude e considero que se fazem coisas muito importante, muito mesmo, mas tem de haver empregabilidade, ou à geografia acaba por morrer.

     
  • At 16 de fevereiro de 2008 às 21:15, Anonymous Anónimo said…

    Estou a estudar Geografia, neste momento, na Flup. Acredito muito sinceramente que os Geógrafos são cruciais e acredito também que futuramente teremos muito mais valor! actualmente isso não verifica e por isso, acho que são pessoas com alguma influência, como o Doutor Lúcio Cunha, que poderiam fazer alguma pressão a fim de dignificar e divulgar o papel da Geografia na Sociedade Portuguesa. Já o fazem, é certo, mas é insuficiente!!!

     
  • At 19 de fevereiro de 2008 às 00:18, Anonymous Anónimo said…

    sou aluno do 12 ano e fascinado pelo mundo da geografia. acredito no seu valor futuro para a sociedade, trata-se de um elemento essencial para a vida conjunta em sociedade. para alem do mais, em Portugal verifica-se um desleixo assustador no que toca a planeamento urbanistico e conservaçao de espaços publicos. contudo sinto-me assustado com as prespectivas de futuro a nivel de empregabilidade. sinto-me desorientado, pois nao sei se devo seguir uma licenciatura por prazer e realizaçao pessoal e esta nao passar do canudo ou optar algo mais seguro que me possa oferecer uma colocaçao mais segura, independentemente das minhas preferencias. o que faço?

     

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